agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

domingo, abril 07, 2013

Notas do terceiro movimento, de Ondas: estaríamos fadados a um repisamento infindável?



A besta, de fato, acorrentou-se e pateia sem parar, indo a lugar nenhum. Elucubrada de um excesso mental, de uma sobrecarga racional, fica imóvel, batendo as patas em significâncias nocivas, egoicas. Com suas patadas infinitas na praia, cria uma cova rasa do entendimento, de um saber auto-afirmativo e tirano. Esta besta precisa de muita dor para sentir, enfim, seu corpo; precisa que a bajulem, precisa ter certeza de que faz algum sentido no mundo. Precisa colar seu corpo numa lâmpada, feito uma mariposa cega. Precisa que a citem, que a faça se sentir inventando a roda, que seja importante, afinal. Ela permanece presa a estes truques, bem humorada com suas patas.

A besta não quer perder o freio, não quer soltar-se. Quer uma medida, quer o isolamento; cansou-se de sua rede conectiva. Inventou para si uma rede que a prende na praia, que a cobre de sensações de segurança e pertencimento. Este seu patear não produz novas ondas. A besta não consegue amar, nem a si mesma e, portanto, separou-se da natureza. Tem total recusa por ela e seu temperamento intempestivo. Não consegue dançar, fica sempre a ouvir uma mesma melodia melancólica, entupida de ressentimento.

O círculo está fechado. Onde está a fratura nessa continuidade? Qual a fissura pela qual a besta vê-se em desgraça? Gosta tanto de ser sacal? Precisa ser uma pedagoga impotente? É invadida pelo desânimo e pela indiferença. Perde a consciência dos corpos unidos debaixo da mesa. Existe então um mundo imune às transformações.

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